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sábado, 27 de outubro de 2012

Como poderia Faraó estar livre, se Deus endureceu o coração dele?

ROMANOS 9:17

Deus disse a Faraó: "Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra" (Rm 9:17). Em cumprimento disso, está escrito que Deus endureceu o coração de Faraó (Êx 4:21; cf. Êx 7:3). Mas se Deus levantou Faraó e ainda endureceu o coração dele para realizar os seus propósitos divinos, então Faraó não está isento de responsabilidade em relação às ações que praticou?

Primeiro, Deus em sua onisciência sabia de antemão exatamente como o Faraó iria agir, e ele usou isso para realizar os seus propósitos. Deus prescreveu os meios da ação livre, porém teimosa, de Faraó, bem como o fim da libertação de Israel. Em Êxodo 3:19, Deus disse a Moisés: "Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir se não for obrigado por mão forte". Faraó rejeitou o pedido de Moisés e somente depois de dez pragas foi que finalmente ele deixou o povo ir.

Segundo, é importante notar que Faraó primeiramente endureceu o seu próprio coração. No início, quando Moisés aproximou-se de Faraó com vistas à libertação dos israelitas (Êx 5:1), Faraó respondeu: "Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel" (Êx 5:2). Deus endureceu o coração de Faraó (Êx. 9:12,35; 10:27; 11:10), mas não até que Faraó tivesse se endurecido várias vezes (Êx. 7:22; 8:15, 32). Em outras palavras, Deus elevou uma pessoa particular para lutar contra Ele; mas aquela pessoa também fez a sua própria escolha que Deus pré-concebia, antes que o punisse com um coração duro continuamente (conf. Rom. 1:24-25; II Tes. 2:10-12). O A.T. afirma as duas coisas, a soberania de Deus (p.ex., Deut. 29:4) e a responsabilidade humana (p.ex. Deut., 5:29), assumindo que Deus é o soberano bastante para assegurar ambos (embora a escolha humana não pudesse anular a Palavra de Deus; conf. p.ex. I Reis 22:26-30,34-35).

Faraó endureceu o seu próprio coração em primeiro lugar, pois lemos isso repetidas vezes (Êx. 8:32; 9:7,34-35), e somente mais tarde foi que Deus o endureceu definitivamente (Êx. 9:12; 10:1). Além disso, o sentido em que Deus endureceu o coração de Faraó é semelhante ao modo pelo qual o sol endurece o barro ou derrete a cera. Se Faraó tivesse sido receptivo às advertências de Deus, o seu coração não teria sido endurecido por Deus. Mas quando Deus dava alívio de cada praga, Faraó tomava vantagem da situação. "Vendo, porém, Faraó que havia alívio, continuou de coração endurecido, e não os [a Moisés e Arão] ouviu, como o Senhor tinha dito" (Êx 8:15).

A passagem que Paulo cita (em Romanos 9:17) é Êxodo 9:16, a qual, no contexto, refere-se à praga das úlceras, a sexta praga. Mas Faraó endurecera o seu coração antes de Deus afirmar o que afirmou. Somente porque Deus levantou Faraó, isso não quer dizer que Faraó não seja responsável por suas ações.

Terceiro
, Deus usa a injustiça dos homens para mostrar a sua glória. Deus ainda considera Faraó responsável, mas no processo do endurecimento do seu coração o Senhor usou Faraó para manifestar a sua grandeza e glória. Esta passagem é muito forte e que facilmente faz com que um indivíduo venha a questionar a justiça maior do Universo que é Deus, tipo: "Se Deus me faz endurecer, porque Ele me culpa por ser duro"? Faraó teve o seu coração endurecido quando rejeitou a mensagem de Moisés, e aqui nesta passagem vemos também a história se repetindo com a nação de Israel rejeitando o Messias empedernindo seus corações. Outro detalhe interessante é que a teimosia de Israel e a dureza de Faraó, servem aos propósitos misericordiosos de Deus, trazendo livramento para outros, como foi o caso da nação de Israel se libertando da escravidão no Egito.

Deus às vezes faz uso de atos maus para obter bons resultados. A história de José é um bom exemplo disso. José foi vendido por seus irmãos, e mais tarde tornou-se o governante do Egito. Lá ele salvou muitas vidas durante o tempo de fome. Quando mais tarde ele se revelou aos seus irmãos e os perdoou, ele disse: "Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida " (Gn 50:20). Deus pode usar atos perversos para manifestar a sua glória.

Bibliografia:
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento: Ed. Belo Horizonte: Editora Atos, 2008.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos. Novo Testamento: 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004.
Fotos: GoogleImages

2 comentários:

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