2ª Parte do artigo A Besta que Surgiu do Mar...
Conquista e Autoridade (Ap 13:7)
"E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação."
A autoridade e o governo da besta são aumentados. Além das dez nações, controla ela, agora, o mundo todo. Tendo como base Daniel 7:3-8, 19-25; 11:45; 26:6,7, é evidente que o Anticristo terá o controle de todas as nações no princípio dos últimos três anos e meio da Grande Tribulação. Daniel 7:21 também faz referência ao modo como o Anticristo tratará os santos. Ele há de "prevalecer contra estes", dando a entender que os matará. Neste caso específico, santos são os que rejeitaram a nova religião controlada e popularizada pelo Anticristo. Permanecem fiéis à Palavra de Deus e ao Senhor Jesus Cristo a ponto de suportarem a perseguição e a própria morte. A besta os vencerá, mas isto não significa que a sua fé será destruída. Pelo contrário: a maioria deles, ou todos, reunir-se-á aos mártires. Eles, por conseguinte, é que são os reais vencedores; sua recompensa será grande.
A Adoração à Besta (Ap 13:8)
“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Agora já está esclarecido quem adorará a besta: todo aquele cujo nome não está escrito no livro da vida do Cordeiro! Satanás sempre procurou adoração. No deserto, tentou Jesus a dobrar-se diante dele para adorá-lo. Mas o Senhor Jesus saiu-se vitorioso (Mt 4:8-10). Mas durante a última parte da tribulação, todo o mundo, livre e espontaneamente, adorará a besta. Através dela, o próprio Satanás. Chegarão a crer que a besta é maior que o Deus verdadeiro.
A forma sintática grega ensina-nos que a frase "antes da fundação do mundo" não se refere ao registro dos nomes em si, mas ao sacrifício expiatório de Cristo. João reconhece ter sido a morte de Jesus, no Calvário, como o Cordeiro de Deus pelos pecados do mundo, um fato previsto nos planos de Deus antes mesmo da criação do mundo (Gn 3:15; I Pe 1:18-20). Somente através d'Ele é que podemos ter a vida eterna e o nome escrito no livro da vida. Deste modo, os santos são os que confiam em Jesus. Incluem-se nesta lista os israelitas que receberem a Jesus Cristo como seu Messias e Salvador.
Uma Advertência e Uma Certeza (Ap 13:9,10)
"Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos." O versículo nove parece um elo entre as declarações de Jesus no capítulo dois de Apocalipse e as exortações encontradas nos evangelhos (Mt 11:15; Mc 4:23). Este versículo enfatiza a importância das palavras que se seguem. O que está sendo dito não tem a intenção de satisfazer-nos a curiosidade, nem é escrito somente para o benefício daqueles que viverão nos finais dos tempos. É uma advertência a toda a Igreja; é um encorajamento a todo aquele que atravessa problemas difíceis.
Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá. Talvez alguém pense que de uma maneira, ou de outra, escapará do julgamento divino, mas não escapará. Alguém que mata à espada, à espada será morto (Mt 26:52). A lei da semeadura e da ceifa não foi revogada. As forças de Satanás e da besta não serão capazes de escapar a seus efeitos. Os agentes do Anticristo que capturam e matam os que se recusam a receber o sinal da besta, serão de igual modo derrotados. Como Apocalipse 19:15 mostra, há uma espada maior, a espada do Espírito, a espada da palavra viva de Deus. Jesus destruirá o Anticristo e todo o seu exército com a espada da sua boca. Basta que Ele fale, e a vitória final já é uma realidade. Os santos são relembrados. São reconfortados a suportar com paciência e firmeza. São encorajados em sua fé e confiança no Senhor (Ap 14:12).
Alguns manuscritos trazem a seguinte versão: "Se alguém promover o cativeiro, em cativeiro irá; e todo aquele que é para ser morto à espada, à espada será morto". A palavra (v.10) é enfática. Mostra o julgamento extremo da fé e da perseverança dos santos que estiverem vivendo sob a Grande Tribulação. Não devem eles, por conseguinte, pegar da espada para defender a si próprios. Antes, têm de mostrar sua paciência e fé. Devem submeter-se, pois o período do Anticristo será curto. Além do mais, reinarão com Jesus eternamente.
A Segunda Besta que se Levanta da Terra (Ap 13:11,12)
A primeira besta levantou-se do mar (isto é, das nações do mundo). Agora, a segunda besta há de se levantar da terra. Está claro, pois, que não vem do céu, apesar de sua proclamação e da ostentação que faz de seus poderes sobrenaturais. E "uma outra" besta; ou seja: é do mesmo tipo que a primeira. Sua aparência de cordeiro contrasta com suas palavras, pois fala "como dragão". Ela procura dar a impressão de ser um cordeiro - gentil e cuidadoso, cheio de amor. Mas tudo não passa de encenação. Ela é má. Suas palavras, embora convincentes, são enganosas. Faz parte do trio diabólico, que é uma imitação da trindade.
Com seu poder, ela ajudará a primeira besta. Forçará a terra e todos os seus habitantes a adorá-la, mostrando como aquela ferida mortal foi curada. Fica claro, pois, que não somente a sua cabeça, mas todo o seu corpo achava-se mortalmente ferido. Todavia, foi esta restaurada. Observamos que a preocupação da segunda besta será com a religião; ela é, portanto, identificada como o Falso Profeta (16:13; 19:20; 20:10).
Alguns creem que o Falso Profeta estará à frente da igreja apóstata durante a primeira parte da Grande Tribulação (os verdadeiros crentes já terão sido arrebatados para o encontro com Senhor Jesus nos ares).
Milagres Enganosos e Falsos (Ap 13:13-15)
A segunda besta, o falso profeta, opera muitos sinais e milagres ("sinais" no versículo 13 é a tradução da mesma palavra grega (semeia) usada no Evangelho de João para descrever os milagres de Jesus. Na presença dos povos, o falso profeta faz até com que fogo, aparentemente vindo do céu, caia na terra. Trata-se de uma imitação clara do milagre realizado por Elias ao desafiar os israelitas a decidirem entre o Senhor e Baal. Apesar dos sacerdotes de Baal não puderem realizar o prodígio (I Rs 18:22-34), o Falso Profeta, através do poder de Satanás, o fará. Todos ficarão impressionados. Até mesmo nesta era tão científica, há pessoas ingênuas dispostas a seguir os falsos profetas; são enganadas pelos milagres que não têm por objetivo a glorificação de Deus.
Os pretensos milagres do Falso Profeta têm por objetivo enganar a humanidade (I Ts 2:9-12). Mas Israel é advertido em Deuteronômio 13:1-3 a precaver-se contra os profetas que, apesar dos sinais e milagres que operam, levam o povo a desviar-se do verdadeiro Deus. Os tais devem ser considerados impostores. Pois os verdadeiros profetas falam por Deus, e encorajam o povo a servi-lo e a adorar a Cristo. Pode ser que o Falso Profeta tente criar uma igreja ecumênica, aglutinando todas as religiões numa só, fazendo com que todos adorem o Anticristo. Seus pretensos milagres serão uma imitação dos sinais e portentos bíblicos; constituir-se-ão numa tentativa de copiar o ministério do Espírito Santo.
Com os seus falsos sinais e milagres, a segunda besta confundirá os habitantes da terra (isto é, os incrédulos que forem aqui deixados). Estes, afinal, já se encontram no caminho largo da destruição por rejeitarem o Cordeiro de Deus. Jesus advertiu que falsos profetas e falsos cristos levantar-se-iam no final dos tempos (Mt 24:24). O Anticristo e o Falso Profeta representam o clímax de todos estes enganos. As pessoas, contudo, não conseguirão enxergar que os milagres do Falso Profeta são enganosos. Hão de aceitá-los como prova de que a besta é o Cristo verdadeiro.
Na realidade, o Falso Profeta persuade a todos a dedicar uma estátua ao Anticristo - a besta que sobreviveu a ferida mortal. Tal estátua será como a idealizada por Nabucodonosor visando a adoração de si mesmo (Dn 3:1). A estátua, ao que parece, será colocada no templo a ser reconstruído em Jerusalém (Dn 9:26; Mt 24:15; II Ts 2:4). Consequentemente, ela tornar-se-á num ponto central de adoração à Besta. Ao Falso Profeta é dado poder para comunicar vida à estátua da besta. O termo grego pneuma que pode ser usado como referência a qualquer tipo de espírito. Que tipo de trapaça, ou fraude, capacitou a besta a realizar tal portento, a Bíblia não revela. Talvez o Falso Profeta tenha ordenado ao espírito demoníaco que animasse a estátua. Ao fazê-lo, o Falso Profeta reivindica poder divino para si mesmo e à primeira besta - o Anticristo. Este é um dos seus maiores enganos.
Através deste "espírito" a estátua da besta põe-se a falar, induzindo a humanidade a crer que o Anticristo seja realmente um ser divino. A estátua da besta, então, baixa um decreto, determinando que sejam mortos os que se recusarem a adorar o Anticristo. Isto reforçará a exigência do Falso Profeta quanto a uma religião única. Mas os que resistirem ao Anticristo e continuarem a adorar a Jesus, serão martirizados por sua fé (Ap 6:9; 14:12,13; 17:9-17). Fica patente, pois, que o Anticristo não seguirá uma filosofia ateísta. Seu sistema será religioso. Ele usará a religião para exaltar-se a si mesmo como Deus, como o fizeram os antigos reis da Assíria, Babilônia e Roma.
A Marca da Besta (13:16-18)
"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas; para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis."
O Falso Profeta não fará exceções em sua exigência para que todos os habitantes da terra recebam a marca do Anticristo (isto é, da primeira besta). O texto diz claramente que todos serão marcados - "pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos".
A marca da besta é o substitutivo de Satanás para a marca com a qual o 144.000 serão selados (Ap 7:3), e que servirá para identificar os que pertencem a Deus. A marca da besta identificará os seus seguidores, os que se acham sob o controle de Satanás.
A palavra "marca" (grego charagma) era usada para designar o selo, que poderia ser gravado, colado ou impresso. Era destinado a marcar cavalos, autenticar documentos e cunhar moedas. Não há, contudo, evidência de que algum tipo de selo haja sido usado, nos dias de João, para marcar seres humanos.
Entende-se pelo texto que a marca da besta controlará a economia de todo o mundo, pois ninguém poderá comprar ou vender sem esta identificação. Nada disto aconteceu durante as perseguições romanas, ou nos períodos mais negros da história da Igreja. O domínio sobre a economia mundial será usado como incentivo aos reticentes para que aceitem a marca da besta. Desde que a marca é identificada com o nome da primeira Besta, ela tem a ver com a sua natureza e caráter. A marca simboliza ainda plena submissão ao Anticristo e ao Falso Profeta. Lendo o versículo 15, tem-se a impressão de que os que se recusam a recebê-la serão identificados, descobertos e martirizados.
O versículo 18 oferece uma pequena lista para se entender o sentido da marca e do nome, ou caráter, da besta. O número 666, no entanto, tem-se tornado mui controvertido, e vem promovendo mais especulações que qualquer outra coisa da Bíblia. Antes da invenção dos números arábicos (0,1,2,3...), os judeus e gregos tinham de escrever os números por extensos. Com o passar do tempo, começaram a substituir as letras do alfabeto pelo nome dos números. Assim, as primeiras dez letras eram usadas para os números de 1 até 10. A letra seguinte designava o 20, a outra 30, e daí por diante.
Vem se constituindo num passatempo popular adicionar letras aos mais diversos nomes para se obter a identidade da besta. Alguns concluem que o Anticristo haja sido Nero César, pois tal nome em caracteres hebraicos soma 666. Contudo, o Apocalipse está no grego, e fala do Alfa e do Omega, letras do alfabeto grego; e não "Alefe" e "Tau", letras do alfabeto hebraico. Assim, há somente especulação ao atribuir-se o número 666 a Nero.
Através da história, vem-se tentando identificar o Anticristo nos ditadores e tiranos. Quando me encontrava em Israel em 1962, um judeu convertido disse-me para prestar atenção no nome de Richard Nixon, pois vertido em hebraico soma exatamente 666. Mais tarde, um irmão da Itália contou-me que a inscrição dedicada ao papa, e que pode ser vista no interior da basílica de São Pedro, em Roma, em algarismos latinos, também soma 666. É digno de nota que alguns escribas antigos substituíssem deliberadamente o número 666, por 616, para que se encaixasse com o nome de Calígula. A Igreja Primitiva, unanimemente, rejeitou o artifício.
O Apocalipse, contudo, nada fala sobre a soma de números do nome da besta. A única chave é esta: "é o número de um homem". Expositores da Bíblia interpretam o seis para simbolizar a raça humana. O três para designar a Trindade. As tripla repetição - 666 - pode simplesmente significar que o Anticristo é um homem que crê ser um deus, membro de uma trindade composta pelo Anticristo, Falso Profeta e Satanás (II Ts 2:4; Ap 13:8).
Fonte: HORTON, Stanley M. Apocalipse: As coisas que Brevemente Devem Acontecer: 7ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
¹Ipsis Litteris
Conquista e Autoridade (Ap 13:7)
¹É dada também à besta permissão para guerrear contra os santos e vencê-los. E, de fato, ela chega a derrotar os que são fiéis a Cristo. O que o Anticristo não imagina é que o martírio destes santos é o meio de eles chegarem à presença do Senhor nos céus. Poder e autoridade são outorgados igualmente à besta sobre "toda tribo, língua e nação". Observemos que a besta não age com base em sua própria autoridade. O Anticristo somente executará o que lhe for permitido executar. Coloca-se, assim, como o principal agente de Satanás na execução de seus planos. Mas devemos reconhecer ainda que Satanás irá somente até onde Deus permitir. Em última instância: Deus é quem tem a palavra final. A permissão vem de Deus, que permanece acima da besta e do dragão e de todas as manifestações do mal.
A autoridade e o governo da besta são aumentados. Além das dez nações, controla ela, agora, o mundo todo. Tendo como base Daniel 7:3-8, 19-25; 11:45; 26:6,7, é evidente que o Anticristo terá o controle de todas as nações no princípio dos últimos três anos e meio da Grande Tribulação. Daniel 7:21 também faz referência ao modo como o Anticristo tratará os santos. Ele há de "prevalecer contra estes", dando a entender que os matará. Neste caso específico, santos são os que rejeitaram a nova religião controlada e popularizada pelo Anticristo. Permanecem fiéis à Palavra de Deus e ao Senhor Jesus Cristo a ponto de suportarem a perseguição e a própria morte. A besta os vencerá, mas isto não significa que a sua fé será destruída. Pelo contrário: a maioria deles, ou todos, reunir-se-á aos mártires. Eles, por conseguinte, é que são os reais vencedores; sua recompensa será grande.
A Adoração à Besta (Ap 13:8)
“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Agora já está esclarecido quem adorará a besta: todo aquele cujo nome não está escrito no livro da vida do Cordeiro! Satanás sempre procurou adoração. No deserto, tentou Jesus a dobrar-se diante dele para adorá-lo. Mas o Senhor Jesus saiu-se vitorioso (Mt 4:8-10). Mas durante a última parte da tribulação, todo o mundo, livre e espontaneamente, adorará a besta. Através dela, o próprio Satanás. Chegarão a crer que a besta é maior que o Deus verdadeiro.
A forma sintática grega ensina-nos que a frase "antes da fundação do mundo" não se refere ao registro dos nomes em si, mas ao sacrifício expiatório de Cristo. João reconhece ter sido a morte de Jesus, no Calvário, como o Cordeiro de Deus pelos pecados do mundo, um fato previsto nos planos de Deus antes mesmo da criação do mundo (Gn 3:15; I Pe 1:18-20). Somente através d'Ele é que podemos ter a vida eterna e o nome escrito no livro da vida. Deste modo, os santos são os que confiam em Jesus. Incluem-se nesta lista os israelitas que receberem a Jesus Cristo como seu Messias e Salvador.
Uma Advertência e Uma Certeza (Ap 13:9,10)
"Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos." O versículo nove parece um elo entre as declarações de Jesus no capítulo dois de Apocalipse e as exortações encontradas nos evangelhos (Mt 11:15; Mc 4:23). Este versículo enfatiza a importância das palavras que se seguem. O que está sendo dito não tem a intenção de satisfazer-nos a curiosidade, nem é escrito somente para o benefício daqueles que viverão nos finais dos tempos. É uma advertência a toda a Igreja; é um encorajamento a todo aquele que atravessa problemas difíceis.
Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá. Talvez alguém pense que de uma maneira, ou de outra, escapará do julgamento divino, mas não escapará. Alguém que mata à espada, à espada será morto (Mt 26:52). A lei da semeadura e da ceifa não foi revogada. As forças de Satanás e da besta não serão capazes de escapar a seus efeitos. Os agentes do Anticristo que capturam e matam os que se recusam a receber o sinal da besta, serão de igual modo derrotados. Como Apocalipse 19:15 mostra, há uma espada maior, a espada do Espírito, a espada da palavra viva de Deus. Jesus destruirá o Anticristo e todo o seu exército com a espada da sua boca. Basta que Ele fale, e a vitória final já é uma realidade. Os santos são relembrados. São reconfortados a suportar com paciência e firmeza. São encorajados em sua fé e confiança no Senhor (Ap 14:12).
Alguns manuscritos trazem a seguinte versão: "Se alguém promover o cativeiro, em cativeiro irá; e todo aquele que é para ser morto à espada, à espada será morto". A palavra (v.10) é enfática. Mostra o julgamento extremo da fé e da perseverança dos santos que estiverem vivendo sob a Grande Tribulação. Não devem eles, por conseguinte, pegar da espada para defender a si próprios. Antes, têm de mostrar sua paciência e fé. Devem submeter-se, pois o período do Anticristo será curto. Além do mais, reinarão com Jesus eternamente.
A Segunda Besta que se Levanta da Terra (Ap 13:11,12)
"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada."
A primeira besta levantou-se do mar (isto é, das nações do mundo). Agora, a segunda besta há de se levantar da terra. Está claro, pois, que não vem do céu, apesar de sua proclamação e da ostentação que faz de seus poderes sobrenaturais. E "uma outra" besta; ou seja: é do mesmo tipo que a primeira. Sua aparência de cordeiro contrasta com suas palavras, pois fala "como dragão". Ela procura dar a impressão de ser um cordeiro - gentil e cuidadoso, cheio de amor. Mas tudo não passa de encenação. Ela é má. Suas palavras, embora convincentes, são enganosas. Faz parte do trio diabólico, que é uma imitação da trindade.
A verdadeira Trindade é uma tri-unidade composta por três pessoas divinas num único Ser Eterno. Este trio, porém, é constituído de seres separados; formam uma unidade somente nos planos satânicos. A segunda besta exercerá toda a autoridade e poder diante da primeira besta. Isto significa que o dragão, o próprio Satanás, é também a fonte de poder da segunda besta.
Alguns creem que o Falso Profeta estará à frente da igreja apóstata durante a primeira parte da Grande Tribulação (os verdadeiros crentes já terão sido arrebatados para o encontro com Senhor Jesus nos ares).
Assim, o Falso Profeta tornar-se-á o líder do sistema religioso mundial que o Anticristo estabelecerá na última parte da Grande Tribulação. Ao glorificar a besta e a sua falsa ressurreição, o Falso Profeta imita o Espírito Santo, cuja missão é, entre outras coisas, glorificar o Cristo ressuscitado.
Milagres Enganosos e Falsos (Ap 13:13-15)
"E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi- lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta."
A segunda besta, o falso profeta, opera muitos sinais e milagres ("sinais" no versículo 13 é a tradução da mesma palavra grega (semeia) usada no Evangelho de João para descrever os milagres de Jesus. Na presença dos povos, o falso profeta faz até com que fogo, aparentemente vindo do céu, caia na terra. Trata-se de uma imitação clara do milagre realizado por Elias ao desafiar os israelitas a decidirem entre o Senhor e Baal. Apesar dos sacerdotes de Baal não puderem realizar o prodígio (I Rs 18:22-34), o Falso Profeta, através do poder de Satanás, o fará. Todos ficarão impressionados. Até mesmo nesta era tão científica, há pessoas ingênuas dispostas a seguir os falsos profetas; são enganadas pelos milagres que não têm por objetivo a glorificação de Deus.
Os pretensos milagres do Falso Profeta têm por objetivo enganar a humanidade (I Ts 2:9-12). Mas Israel é advertido em Deuteronômio 13:1-3 a precaver-se contra os profetas que, apesar dos sinais e milagres que operam, levam o povo a desviar-se do verdadeiro Deus. Os tais devem ser considerados impostores. Pois os verdadeiros profetas falam por Deus, e encorajam o povo a servi-lo e a adorar a Cristo. Pode ser que o Falso Profeta tente criar uma igreja ecumênica, aglutinando todas as religiões numa só, fazendo com que todos adorem o Anticristo. Seus pretensos milagres serão uma imitação dos sinais e portentos bíblicos; constituir-se-ão numa tentativa de copiar o ministério do Espírito Santo.
Com os seus falsos sinais e milagres, a segunda besta confundirá os habitantes da terra (isto é, os incrédulos que forem aqui deixados). Estes, afinal, já se encontram no caminho largo da destruição por rejeitarem o Cordeiro de Deus. Jesus advertiu que falsos profetas e falsos cristos levantar-se-iam no final dos tempos (Mt 24:24). O Anticristo e o Falso Profeta representam o clímax de todos estes enganos. As pessoas, contudo, não conseguirão enxergar que os milagres do Falso Profeta são enganosos. Hão de aceitá-los como prova de que a besta é o Cristo verdadeiro.
Na realidade, o Falso Profeta persuade a todos a dedicar uma estátua ao Anticristo - a besta que sobreviveu a ferida mortal. Tal estátua será como a idealizada por Nabucodonosor visando a adoração de si mesmo (Dn 3:1). A estátua, ao que parece, será colocada no templo a ser reconstruído em Jerusalém (Dn 9:26; Mt 24:15; II Ts 2:4). Consequentemente, ela tornar-se-á num ponto central de adoração à Besta. Ao Falso Profeta é dado poder para comunicar vida à estátua da besta. O termo grego pneuma que pode ser usado como referência a qualquer tipo de espírito. Que tipo de trapaça, ou fraude, capacitou a besta a realizar tal portento, a Bíblia não revela. Talvez o Falso Profeta tenha ordenado ao espírito demoníaco que animasse a estátua. Ao fazê-lo, o Falso Profeta reivindica poder divino para si mesmo e à primeira besta - o Anticristo. Este é um dos seus maiores enganos.
A Bíblia deixa claro que somente Deus pode criar e dar a vida. O verbo hebraico bara, "criar", é sempre mostrado na Bíblia em estreito relacionamento com Deus. De diversas formas a Bíblia proclama o Senhor Deus tanto Criador como Redentor.
Através deste "espírito" a estátua da besta põe-se a falar, induzindo a humanidade a crer que o Anticristo seja realmente um ser divino. A estátua da besta, então, baixa um decreto, determinando que sejam mortos os que se recusarem a adorar o Anticristo. Isto reforçará a exigência do Falso Profeta quanto a uma religião única. Mas os que resistirem ao Anticristo e continuarem a adorar a Jesus, serão martirizados por sua fé (Ap 6:9; 14:12,13; 17:9-17). Fica patente, pois, que o Anticristo não seguirá uma filosofia ateísta. Seu sistema será religioso. Ele usará a religião para exaltar-se a si mesmo como Deus, como o fizeram os antigos reis da Assíria, Babilônia e Roma.
A Marca da Besta (13:16-18)
"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas; para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis."
O Falso Profeta não fará exceções em sua exigência para que todos os habitantes da terra recebam a marca do Anticristo (isto é, da primeira besta). O texto diz claramente que todos serão marcados - "pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos".
A marca da besta é o substitutivo de Satanás para a marca com a qual o 144.000 serão selados (Ap 7:3), e que servirá para identificar os que pertencem a Deus. A marca da besta identificará os seus seguidores, os que se acham sob o controle de Satanás.
A palavra "marca" (grego charagma) era usada para designar o selo, que poderia ser gravado, colado ou impresso. Era destinado a marcar cavalos, autenticar documentos e cunhar moedas. Não há, contudo, evidência de que algum tipo de selo haja sido usado, nos dias de João, para marcar seres humanos.
Nenhuma marca era impressa naqueles que juravam lealdade aos imperadores de Roma. Isto evidencia estar completamente equivocada a perspectiva preterista usada para interpretar o Apocalipse. A natureza da marca da besta, ou o método pela qual é aplicada, não é descrita, exceto a indicação do seu número. Fica claro que, desde o momento em que a for aplicada, tornar-se-á permanente. Os que a aceitam, farão como testemunho de sua rejeição a Cristo. A pressão econômica os ajudará a decidir-se por receber a marca.
Entende-se pelo texto que a marca da besta controlará a economia de todo o mundo, pois ninguém poderá comprar ou vender sem esta identificação. Nada disto aconteceu durante as perseguições romanas, ou nos períodos mais negros da história da Igreja. O domínio sobre a economia mundial será usado como incentivo aos reticentes para que aceitem a marca da besta. Desde que a marca é identificada com o nome da primeira Besta, ela tem a ver com a sua natureza e caráter. A marca simboliza ainda plena submissão ao Anticristo e ao Falso Profeta. Lendo o versículo 15, tem-se a impressão de que os que se recusam a recebê-la serão identificados, descobertos e martirizados.
O versículo 18 oferece uma pequena lista para se entender o sentido da marca e do nome, ou caráter, da besta. O número 666, no entanto, tem-se tornado mui controvertido, e vem promovendo mais especulações que qualquer outra coisa da Bíblia. Antes da invenção dos números arábicos (0,1,2,3...), os judeus e gregos tinham de escrever os números por extensos. Com o passar do tempo, começaram a substituir as letras do alfabeto pelo nome dos números. Assim, as primeiras dez letras eram usadas para os números de 1 até 10. A letra seguinte designava o 20, a outra 30, e daí por diante.
Vem se constituindo num passatempo popular adicionar letras aos mais diversos nomes para se obter a identidade da besta. Alguns concluem que o Anticristo haja sido Nero César, pois tal nome em caracteres hebraicos soma 666. Contudo, o Apocalipse está no grego, e fala do Alfa e do Omega, letras do alfabeto grego; e não "Alefe" e "Tau", letras do alfabeto hebraico. Assim, há somente especulação ao atribuir-se o número 666 a Nero.
Através da história, vem-se tentando identificar o Anticristo nos ditadores e tiranos. Quando me encontrava em Israel em 1962, um judeu convertido disse-me para prestar atenção no nome de Richard Nixon, pois vertido em hebraico soma exatamente 666. Mais tarde, um irmão da Itália contou-me que a inscrição dedicada ao papa, e que pode ser vista no interior da basílica de São Pedro, em Roma, em algarismos latinos, também soma 666. É digno de nota que alguns escribas antigos substituíssem deliberadamente o número 666, por 616, para que se encaixasse com o nome de Calígula. A Igreja Primitiva, unanimemente, rejeitou o artifício.
O Apocalipse, contudo, nada fala sobre a soma de números do nome da besta. A única chave é esta: "é o número de um homem". Expositores da Bíblia interpretam o seis para simbolizar a raça humana. O três para designar a Trindade. As tripla repetição - 666 - pode simplesmente significar que o Anticristo é um homem que crê ser um deus, membro de uma trindade composta pelo Anticristo, Falso Profeta e Satanás (II Ts 2:4; Ap 13:8).
Fonte: HORTON, Stanley M. Apocalipse: As coisas que Brevemente Devem Acontecer: 7ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
¹Ipsis Litteris