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sábado, 22 de junho de 2013

O apóstolo Pedro foi o primeiro Papa?

Um dos maiores problemas dos homens concernentes às Escrituras é ultrapassar o que está escrito (I Cor. 4:6b), indo além das Escrituras Sagradas criando fábulas e doutrinas de homens (I Tim. 4:7; II Tim. 4:4; Tito 1:14; II Ped. 1:16). Desde os tempos apostólicos, vemos que a igreja do Senhor combateu ardorosamente àqueles que indo além das Escrituras, queriam desviar os menos avisados com seus ensinos não bíblicos. Tais pessoas se valiam da falta de compromisso dos homens com a Palavra de Deus, conseguindo, então, arrebanhar a muitos com seus ensinos desprovidos da verdade bíblica.

E um desses ensinos é a famosa premissa de que o apóstolo Pedro foi o primeiro Papa. Bem, sendo coerentes com as Escrituras, descobriremos que não existe uma única base ou fundamento escriturístico para tal ensino, que mais se baseia em tradição do que nas Sagradas Letras que podem nos dar sabedoria para a salvação pela fé em Cristo (II Tim. 3:15). Quando analisamos o sistema católico-romano, somos confrontados com o ensino de que o referido apóstolo foi o primeiro Papa da história. Assim, Pedro é considerado mais do que um apóstolo e servo de Jesus Cristo; ele é apontado como "representante de Cristo na terra, fundamento da sua Igreja... o pastor universal de todos em nome de Cristo" (John Francis Noll e Lester J. Fallon, Father Smith Ins-tructs Jackson, St. Louis, 1949, pgs. 48, 49), trocando em miúdos, o primeiro na linhagem dos Papas da Igreja Católica Romana.

Este dogma é oficialmente definido como segue: "A cátedra apostólica e o pontífice romano mantém supremacia sobre o mundo todo; o pontífice romano é o sucessor de Pedro, o príncipe dos apóstolos, verdadeiro vigário de Cristo, e cabeça da igreja; ele é o pai e mestre de todos os cristãos; e, em Pedro, lhe é outorgado poder integral, por nosso Senhor Jesus Cristo, para nutrir, dirigir e governar a igreja universal, em conformidade com o que se acha contido nos atos dos concílios gerais e nos santos cânones" (Concílio de Florença, Sess. X). Vemos que a igreja romana com o intuito de confirmar tudo o que disse a respeito de Pedro como primeiro Papa, amaldiçoa a todo e qualquer que não aceitar tal autoridade. Isso fica bastante claro no Concílio Vaticano de 1870 que adicionou a seguinte condenação: "Se alguém disser que Pedro não foi ordenado príncipe de toda a Igreja Militante, ou afirmar que ele recebeu diretamente de nosso Senhor Jesus Cristo somente uma supremacia de honra e não de jurisdição real e verdadeira, seja anátema".

É muito interessante que, quem aceita apenas o que a Bíblia diz e rejeita o que a autoridade do Concílio Vaticano afirma ser a verdade, deve viver debaixo de maldição segundo sua afirmação! Uma grande inversão de valores. Vejamos agora algumas das principais afirmativas e textos bíblicos apresentados pela Igreja Romana com o intuito de provar que Pedro foi o primeiro Papa, o cabeça (cabeça e fundamento? Não seria Cristo? Ef. 5:23; Col 1:18) e fundamento da Igreja.

1. Pedro é a pedra sobre a qual a igreja é edificada?

"Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18).

A importância dessa passagem como prova de ser Pedro o fundador da igreja, manifesta-se para os católicos no fato de estar ela (também 21:15) inscrita em enormes letras no interior da cúpula da catedral de São Pedro em Roma, de maneira que possa ser lida do pavimento inferior. Este texto é considerado pelos católicos como a carta-magna do papado.

O que Cristo quis dizer com as palavras: sobre esta pedra edificarei a minha igreja"? A interpretação católica romana é que "esta pedra" se refere a Pedro, por ser "papa" a tradução literal, do seu nome. Mas, se Cristo desejasse afirmar que Pedro seria a pedra fundamental da igreja, Ele teria empregado linguagem simples, comum, literal, assim como: "Tu és Pedro e sobre ti edificarei a minha igreja."

O fato do ponto de vista católico sobre esta passagem estar errado, evidencia-se pela ausência das palavras "tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" em Marcos 8:29 e Lucas 9:20, passagens paralelas à de Mateus 16:18. Nesses versículos, Jesus pergunta: "Mas vós quem dizeis que eu sou?", e Pedro responde: "Tu és o Cristo" (Marcos) ou "O Cristo de Deus" (Lucas). Com a resposta de Pedro o assunto em discussão fica encerrado.

Se o dogma da superioridade de Pedro é verdadeiro e de tamanha importância, como a Igreja Católica ensina, não parece praticamente inconcebível que os registros de Marcos e de Lucas nada tenham a dizer sobre isso? Os católicos alegam que a narração de Marcos não faz referência a Pedro, como sendo "a pedra", porque foi baseada em informação prestada por Pedro, e que por modéstia Pedro omitiu qualquer referência a si mesmo como fundamento da igreja. Se tal conclusão fosse verdadeira, seríamos forçados a crer que a modéstia de Pedro ao guardar silêncio sobre assunto de tanta importância indicaria que ele mesmo não tinha em tão grande conceito o cargo que lhe fora supostamente conferido.

E, por que silenciaria Lucas a respeito do assunto? "Não é incrível que Lucas ignorasse uma declaração tão importante: o estabelecimento de um monarca na igreja de Deus e soberano do colégio apostólico"? (Issac Barrow, Works, 6.51.). Um exame da linguagem de Mateus 16:18 destrói a interpretação de que Pedro é "a pedra". O nome "Pedro no grego está no gênero masculino, Petros, e significa Pedra Pequena. A palavra "pedra" é do gênero feminino - Petra. Jesus não disse que edificaria sua igreja sobre Pedro, Petros, pequena pedra, mas sim sobre Petra, uma rocha. Os católicos refutam essa distinção do uso de petros e petra, sustentando que ao falar Jesus empregou o idioma aramaico, no qual Pedro e pedra grande ou rocha são a mesma coisa (Kepha), não havendo diferença de gênero nessa língua. Contudo, não há prova alguma de que Mateus tenha escrito seu evangelho exclusivamente em aramaico, se é que o fez.

E, desde que não temos nenhum manuscrito original escrito diretamente por Mateus, mas sim diversos textos antigos em grego, podemos muito bem supor que ele tenha escrito em grego. E, em todos esses textos gregos, Mateus 16:18 emprega os termos, petros e petra, os quais temos a certeza de que dão o verdadeiro sentido das palavras originais pronunciadas por Jesus. O que é, portanto a rocha, "a pedra" ou fundamento sobre o qual a igreja é construída de acordo com Mateus 16:18? Não se trata da pequena pedra, "petros" ou Pedro, mas da rocha sólida, da "petra", a grande verdade expressa na confissão de Pedro: "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" (Mateus 16:16). As escrituras fornecem evidências abundantes para esta conclusão:

"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (I Cor. 3:11). "...bebiam de uma pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo" (I Coríntios 10:4). Em seu comentário sobre Mateus 16:18, Elliott apresenta a seguinte e significativa explanação: "A palavra grega petros ou Pedro, não indica uma grande pedra ou rocha, apesar de estar ligada de certa maneira a PETRA, uma rocha, pois quer dizer, pedra ou pequeno pedaço de rocha. Compreende-se então que o VERDADEIRO FUNDAMENTO expresso na figura de petra ou rocha, é superior em dignidade á palavra precedente PETROS ou PEQUENA PEDRA, da mesma forma que PETRA, verdadeira rocha, é superior à simples pedra ou fragmento de rocha; porque rocha é a expressão figurada regularmente usada nas Escrituras para designar o supremo Senhor: O senhor é a minha rocha (II Samuel 22:2; Salmos 18:2). Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados para demonstrar que a expressão usada pelo Senhor na ocasião não significava nada menos que a sua dignidade divina como declarada por Pedro no contexto
anterior: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Charles Elliott, Deli-neation of Roman Catholicism, New York, 1841, II, pg. 186).

É Cristo que deve ser glorificado, não Pedro. "Dele (JESUS), por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém. (Rom. 11:36). E o próprio apóstolo Pedro nos afirma que Cristo é a pedra angular, eleita e preciosa, nada falando de si mesmo como sendo a Rocha, ou o fundamento.

Jesus, é na verdade, citado nas Escrituras como sendo uma pedra, mas no sentido de rocha sólida, angular, ou fundação sobre a qual nós cristãos somos edificados como pedras vivas, que compõem a igreja: "Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será de modo algum envergonhado" (1 Pedro 2:5- 6).

Em Efésios 2:19-22, os apóstolos e profetas são designados como fundação secundária da igreja; e ainda em conformidade com outras escrituras sobre o mesmo assunto, Jesus é retratado como fundamento principal, básico, a pedra angular sobre a qual se sustém toda a igreja: "... família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito."

Observa-se que Pedro não recebeu uma posição especial nessa descrição. Todos os apóstolos estão relacionados da mesma forma que ele à igreja; todos fazem igualmente parte da fundação secundária. Conway tenta escapar do significado desta conclusão, ao declarar: 'A igreja é de fato edificada sobre os Apóstolos e os Profetas, mas não da mesma maneira, pois, com certeza, os profetas não eram doutrinadores no mesmo sentido dos Apóstolos" (B.L. Conway, Question Box, New York, 1903, pg. 201). Supondo-se que seja verdade, na passagem que está sendo considerada, haver Paulo feito distinção entre apóstolos e profetas, no sentido da superioridade entre uns e outros, que prova nos apresenta Conway da existência de uma distinção entre Pedro e os demais apóstolos? Para concordar com Conway, Paulo deveria ter escrito: "..... família de Deus; edificados sobre o fundamento do papa Pedro, dos apóstolos e profetas..."

E os chamados "Pais" religiosos da antigüidade, teriam concordado quanto ao significado de Mateus 16:18?

O Dr. Kendrick, arcebispo católico de St. Louis, reuniu assim as várias interpretações daqueles "Pais":

1. Dezessete Pais designaram Pedro como a pedra sobre a qual a igreja é edificada.
2. Oito Pais, incluindo Orígenes, Cipriano, e Jerônimo, ensinaram que todo o colégio apostólico é a rocha, ou pedra.
3.Quarenta e quatro Pais, incluindo Gregório de Nissa, Crisóstomo, Hilário e Ambrósio, designaram a confissão de Pedro quanto à filiação divina de Cristo, como a pedra.
4. Dezesseis Pais ensinaram que o próprio Cristo é a pedra" (David Schaff, Our Father's Faíth and Ours, New York, 1928, pg. 249).

Dessa informação, concluímos que nem mesmo os líderes religiosos sobre cujos ensinamentos a Igreja Católica Romana se apoia extensivamente, concordavam quanto à suposta carta-magna do papado, Mateus 16:18. Prova-se assim que é falsa a declaração de Belarmino ao dizer que a interpretação desta passagem que indica Pedro como a pedra sobre a qual se edifica a igreja, tinha "o apoio de toda a igreja, tantos dos Pais gregos quanto dos latinos" (Ibid., pg. 343).

Outra coisa que precisamos ter em mente é deixarmos de buscar as glórias efêmeras dos homens que nada podem, e estarmos sempre voltados para o Senhor, o único digno de glória, sobre o qual, de fato, a sua Igreja foi edificada. O Senhor é a nossa única Rocha eterna (Sal. 62:2; 19:14; 18:46; 31:2, etc...).

2. As chaves do reino dos céus foram dados somente a Pedro?

"Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus" (Mateus 16:19). A Igreja Católica Romana ensina que "Pedro não recebeu as chaves (do reino dos céus) particularmente, mas como supremo pastor, e em benefício da Igreja" (Peter Dens, de Eccles., n.0 91, tom. III, pg. 433). Conway declara: Cristo, o portador da Chave (Ap. 3:7) prometeu fazer de Pedro o portador da Chave no seu reino; isto é, ter completo poder e jurisdição na Igreja" (Conway, obra citada, pg. 197). O fato de Jesus ter prometido dar a Pedro as chaves do reino dos céus, simbolizando o poder de ligar e desligar, é sem dúvida ensinado em Mateus 16:19, mas isto não significa que esta promessa prove que Pedro foi nomeado supremo pastor da igreja nem que as prerrogativas inclusas nessa promessa tenham dado autoridade superior a Pedro em relação a seus
companheiros apóstolos.

O propósito declarado para o qual Jesus deu "as chaves" a Pedro, abrange a autoridade que Ele concedeu a todos os apóstolos, incluindo o poder de conceder aos homens os meios para entrar no reino dos céus, ou igreja. O único ponto que pode ser anotado a favor de Pedro neste sentido, sobre seus colegas apóstolos, é que ele foi o primeiro a fazer uso das "chaves" em benefício de judeus e gentios; quando estendeu a lei de Cristo, o meio de ingresso na igreja, aos primeiros no primeiro dia de Pentecostes após a ascensão do Senhor (Atos 2) e aos últimos na casa de Cornélio (Atos 10).

Todavia, todas as vezes em que os demais apóstolos pregaram o evangelho a judeus ou a gentios, estavam exercendo a mesma autoridade que Pedro no uso das "chaves". Além disso, também em nossos dias, a mesma autoridade apostólica no que concerne ás "chaves do reino", entrada na igreja de Cristo, está sendo utilizada.

O argumento de ter Jesus expressamente prometido em Mateus 16:19 dar "as chaves" a Pedro, não prova coisa alguma a favor da supremacia do apóstolo sobre seus companheiros. É simplesmente natural que o Senhor especificasse Pedro como recipiente das "chaves" naquelas circunstâncias, quando foi Pedro quem fez a boa confissão em resposta à pergunta de Jesus: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?" (Mateus 16:15). Elliott faz aqui um comentário adequado: "Cristo não prometeu as chaves exclusivamente a Pedro, como também não prometeu abençoá-lo de maneira exclusiva, ao dizer: "Bem-aventurado és Simão Barjonas porque não foi carne nem sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus". Cristo tinha perguntado a todos os apóstolos: "Quem dizeis que eu sou?" Pedro respondeu então em nome de todos: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Diante disso, poderíamos tanto dizer que Cristo abençoou unicamente a Pedro, com exclusão dos demais, como prometeu as chaves apenas a ele" (Elliott, obra citada, pg. 189).

Que a autoridade expressa nas palavras "o que ligares na terra terá sido ligado nos céus, e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus", simbolizada pelo poder das chaves entregues aos apóstolos, não foi uma prerrogativa exclusiva concedida a Pedro, fica confirmado em João 20:21-23, onde Jesus declarou a todos os seus apóstolos: "Paz seja convosco: Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes, os pecados, são-lhes perdoados; se lhes retiverdes, são retidos". Isto explicou o conceito de ligar e desligar.

Quando as pessoas rejeitam a autoridade de Cristo expressa no ensinamento de todos os apóstolos (não apenas de Pedro), recusando-se assim a obedecer ao evangelho, seus pecados permanecem, ou elas ficam escravizadas aos mesmos; mas, ao aceitar e obedecer à verdade, os pecados são perdoados, libertando a pessoa. Cf. Apocalipse 1:5. No processo de libertação dos pecados pela obediência ao evangelho, a autoridade de Cristo expressa na doutrina apostólica, a porta do reino dos céus, é aberta aos homens; mas ao rejeitar o evangelho, esta porta é fechada, e a pessoa continua presa aos seus pecados.

Esta é a explanação lógica e escriturística do poder simbólico das "chaves" investido na autoridade dos apóstolos. Cf. I João 4:6. O Senhor, continuando a discutir o assunto, representa o poder apostólico de ligar e desligar como pertencente a toda a igreja e não somente a Pedro: "Em verdade vos digo que tudo
o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu"
(Mateus 18:18). Precisamos estudar cuidadosamente a passagem dentro do seu contexto.

3. O poder de firmar ou fortalecer a igreja, foi dado a Pedro?

"Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo. Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos" (Lucas 22:31-32). Noll e Fallon, ao tentarem provar aqui a superioridade de Pedro, fazem o seguinte comentário:
"Dirigindo-se a Pedro, Cristo lembrou-o de que Satanás estava conspirando contra todos os apóstolos ("vós" no verso 31 é plural no grego): "Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, porém quando te converteres, fortalece os teus irmãos". As palavras "tu" e vos , em Mateus 16:19 e Lucas 22:32, também em João 21:15-17, têm aberto os olhos de milhares de pessoas quanto ao lugar ocupado por Pedro na Igreja" (NolI and Fallon, obra citada, pg. 49).

Não podemos ver como Lucas 22:32, ou os outros versículos mencionados, poderão abrir os olhos de alguma pessoa que busque a verdade de Deus em referência ao dogma "o lugar de Pedro na Igreja" é o de Papa. É verdade que a palavra "vós" está no plural (Lucas 22:31) em grego, referindo-se assim a todos os apóstolos e, que, no verso 32 Jesus volta-se particularmente para Pedro. Mas, será que o fato do Senhor mencionar expressamente que orou a favor de Pedro, significa que não fez o mesmo em benefício de todos os outros? Certamente que NÃO.

Dá Ele ordem a Pedro para firmar ou fortalecer seus irmãos, como prerrogativa exclusiva? Novamente dizemos: NAO. Em grego "fortalecer" é termo encontrado também em Atos 14:22; 15:32, 41; 18:23, quando Paulo e Barnabé confirmavam (firmavam ou fortaleciam) as igrejas de Cristo na Síria e Cilícia; e Judas e Silas confirmavam os irmãos de Antioquia; e, ainda, quando Timóteo confirmava a igreja de Tessalônica. Bem longe de ser prerrogativa exclusiva de Pedro, o fato de fortalecer ou confirmar os irmãos
foi uma autoridade concedida a todos os apóstolos, e até mesmo aos evangelistas que não eram sequer apóstolos, tais como Judas, Silas e Timóteo. À luz dos fatos mencionados, torna-se completamente absurdo o comentário de Conway: "Pedro foi ordenado de maneira exclusiva... para confirmar os irmãos" (Conway, obra citada, pg. 197).

Em seus comentários sobre Lucas 22: 31-32, Salmon declara: "Posso, de passagem, mencionar outra escritura (II Corintios 11:28), onde Paulo se mostra estranhamente ignorante das prerrogativas de Pedro. Pois, tendo enumerado alguns de seus trabalhos e sofrimentos pela causa do Evangelho, ele acrescenta: "Além das coisas anteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas". Se, de acordo com a teoria romana, o cuidado de todas as igrejas era jurisdição de Pedro, São Paulo se mostrou pouco razoável ao reclamar das dificuldades enfrentadas ao se intrometer no que competia a outro homem. Nesse caso, São Paulo se tornaria o que São Pedro chama de ALLOTRIOEPISKOPOS (I Pedro 4:15)" (George Salmon, The Infalibility of the Church, pg. 343).

Mas, por que Jesus enfatizou de forma expressa o ter rogado por Pedro naquela ocasião?

Por causa do perigo especial que o confrontava, devido ao seu temperamento impetuoso. Verdadeiramente, todos os apóstolos tinham sido clamorosos em seus protestos de lealdade ao Senhor na noite da traição, quando Ele profetizou que todos se escandalizariam por sua causa (Mateus 26:31-35), mas ninguém se mostrou tão presumido quanto Pedro. Jesus sabia que tal confiança em si mesmo seria a causa da queda de Pedro. Assim, o Senhor profetizou: "Afirmo-te, Pedro, que hoje três vezes negarás que me conheces,
antes que o galo cante"
(Lucas 22:34). E, dito e feito. Depois da fuga dos outros discípulos, o impetuoso e convencido Pedro, sem perceber o perigo que corria a sua fé, colocou-se numa posição em que o seu relacionamento com Jesus foi exposto ao ridículo, e fraquejou dolorosamente ao negar o Senhor três vezes, como havia sido profetizado. Não é de admirar portanto, que Jesus enfatizou ter orado por Pedro, não como argumento a favor da supremacia deste, mas como declaração de sua fraqueza moral.

E, nada mais natural, o fato do Senhor tê-lo exortado a fortalecer os irmãos quando se recuperasse da sua queda tão trágica. Mas, a mesmo conselho se aplicaria a todos as seguidores do Senhor, que tenham sofrido quedas, e depois voltado a Deus em arrependimento. Esses filhos de Deus, arrependidos precisam ser ainda mais zelosos no incentivo e exortação dos irmãos do que jamais o foram, para que eles mesmos fiquem mais firmes contra o pecado. Veja Romanos 12:21.

4. Cristo deu a Pedro, o Seu próprio e completo poder como Pastor do Rebanho, a Igreja?

"Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segundo vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreie as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por Ele lhe ter dito, pelo terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse:
Apascenta as minhas ovelhas"
(João 21:15-17).

A Igreja Católica Romana ensina que "a Pedro somente, Cristo dirigiu... palavras que não deixam dúvidas quanto à sua escolha como pastor UNIVERSAL e mestre de todos em nome de Cristo. Em conformidade com João 21:15-17, depois de ter recebido de Pedro uma tripla confissão de amor, como um pedido de perdão pelas três vezes em que O havia negado, Cristo lhe confiou a cuidado de todo o seu rebanho, nestas palavras: Apascenta as meus cordeiros; apascenta as minhas ovelhas. Cristo gostava de chamar a Si Mesmo de 'O Bom Pastor', e referir-se aos seus seguidores como a seu rebanho. Seu rebanho composto de cordeiros e ovelhas, necessitava de um pastor, depois de sua volta ao Céu. Tal encargo foi dado a Pedro" (Naíl e Fallon, obra citada, pg. 49).

Não há base alguma em João 21:15-17 para a alegação dos católicos segundo a qual Jesus confiou a Pedro o cargo de pastor universal de seu rebanho. Se o triplo mandamento de Jesus a Pedro para que apascentasse as seus cordeiros e ovelhas, significa que Pedro deveria ser o único pastor do rebanho ou igreja, então a tríplice resposta de Pedro à pergunta: "Tu me amas?", significaria que Pedro é o único que ama ao Senhor. Mas, assim como não foi o único pastor, também não foi o único que mostrou amor.

As escrituras atestam de maneira clara e simples o fato de que a atividade de apascentar a rebanho de Cristo não pertence exclusivamente a Pedro. O crescimento espiritual das ovelhas do Senhor se concretiza por meio de alimento suprido na "doutrina das apóstolos" (Atos 2:47); portanto, todos os apóstolos receberam autoridade de Cristo para serem os pastores universais da igreja vigente e não Pedro somente.

Não têm, porventura, as cartas de Paulo o mesmo valor para alimentação do rebanho do Bom Pastor, quanto as de Pedro?

A obrigação de apascentar o rebanho do Senhor tem sido atribuída a todos os pastores do Senhor (bispos ou presbíteros), aqueles que cuidam das congregações locais. Paulo exortou os presbíteros da igreja em Éfeso: "o Espírito Santo vos constituiu bispos para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (Atos 20:28); Pedro exortou todas as presbíteros: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós" (I Pedro 5:2). A doutrina católica de que Pedro, O pastor universal da igreja, tinha a seu cargo a supervisão dos outras apóstolos, é negada em João 21:20-22: "Então Pedro, voltando-se viu que também ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava... perguntou a Jesus: E quanto a
este? Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me."

Caso Pedro devesse considerar a si mesmo como pastor universal do rebanho da Senhor, ele teria tido a oportunidade perfeita para apresentar-se dessa forma em sua exortação aos presbíteros em I Pedro 5:1, mas simplesmente referiu-se à sua pessoa como sendo "um presbítero com eles". Somente a Jesus ele honrou com a designação de "Supremo Pastor" (verso 4). Em parte alguma do Novo Testamento alguém recebe tal titulo, a não ser a próprio Senhor Jesus.

Então, qual o motivo da especial atenção de Jesus em João 21:15-17? Cirilo de Alexandria respondeu assim: "Se alguém quiser saber porque Jesus fez a pergunta apenas a Simão apesar de estarem presente os outros discípulos, e o que Ele quer dizer com "Apascenta os meus cordeiros", etc., respondemos que Pedro juntamente com os outros discípulos, já havia sido escolhido para o apostolado, mas como tinha caído, ... Ele agora curava o doente e exigia uma confissão tripla no lugar da negação tripla, contrastando
a primeira com a última e compensando a falta com a correção. Com a tríplice confissão, Pedro anula o pecado contraído pela tripla negação. Quando o Senhor diz: "Apascenta os meus cordeiros", considera-se como tendo sido feita uma renovação da escolha para o apostolado, absolvendo a desgraça do pecado e cancelando a perplexidade de sua fraqueza humana" (Salman, obra cita-da, pg. 346).

Se Pedro foi o primeiro Papa, ele era infalível ou irrepreensível?

Além da não ser infalível como podemos perceber no episódio em que negou a Cristo (Mat. 26:34); foi incrédulo a ponto de submergir nas águas (Mat. 14:30 ); decepou a orelha do servo do sumo-sacerdote (Jo. 18:10  ); e foi repreendido por Paulo por agir de forma repreensível (Gál. 2:11-14). Concluindo, Pedro não foi e jamais poderia ter sido o primeiro Papa. Mas foi tudo aquilo que a Bíblia diz que foi, servo, apóstolo e um apaixonado por Cristo. Voltemos sempre para as Escrituras e deixemos que as mesmas falam por si só.

Deus abençoe.

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Referências:
Seitas e Heresias, Diversos Autores, p. 28-33.

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