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sábado, 29 de março de 2014

Por que Deus destruiu os amalequitas?

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito.
Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos."

(1 Samuel 15:2-3)
Deus é caracterizado na Bíblia como um Deus de misericórdia e compaixão, perdoando graciosamente aqueles que se voltam a ele (Sl 94:18-19; Lm 3:22; Tg 5:11; 2 Pe 3:9). Num gritante contraste, 1 Samuel 15:2-3 nos informa de que Deus, aparentemente sem misericórdia alguma, ordenou a morte de amalequitas inocentes - homens, mulheres e crianças.

Por quê?

Os amalequitas estavam longe de ser inocentes. De fato, eles eram totalmente depravados, além do que desejavam destruir Israel (v. 2), que era o povo escolhido de Deus, o canal de seus planos redentores para toda a humanidade (Gn 12:1-3). A destruição deles se fazia necessária pela gravidade do seu pecado. Em caso contrário, algum remanescente de coração endurecido poderia surgir e retomar a sua odiosa disposição contra o povo e os planos de Deus.

Quanto à questão das crianças inocentes, algumas observações são relevantes.

Primeiro, todos nós nascemos em pecado (Sl 51:5) e merecemos a morte (Rm 5:12). Um dia, todos seremos tomados por Deus através da morte - é apenas uma questão de tempo (Hb 9:27).

Segundo, Deus é soberano sobre a vida e reserva para si o direito de tomá-la quando quiser (Dt 32:39; Jó 1:21).

Terceiro, há aqueles que afirmam que todas as crianças que morrem antes da idade da responsabilidade são salvas, baseados em passagens tanto do A.T. como do N.T., por exemplo: "Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem..." (Isaías 7:16); "Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus" (Marcos 10:14).

Quarto, dado o fato dos amalequitas terem passado para o deserto em perseguição aos israelitas, após a sua saída do Egito e em Refidim terem travado uma batalha covarde e mortal com os israelitas matando os mais fracos, mostrando sempre atitudes hostis contra o povo escolhido de Deus, sua destruição total foi decretada pelo próprio Deus (Êx. 17:8-16; Deut. 25:17-19).¹

Quinto, além de serem povos errantes no deserto, praticavam assaltos e roubos², sendo potencialmente perigosos. E, como certeza, seus exemplos seriam suficientes para que seus filhos fizessem o mesmo após atingiram a idade madura.

Sexto, nunca, na história de Israel deixaram de perturbar o referido povo. No tempo dos juízes de Israel, os amalequitas juntos com os amonitas, juntaram-se a Eglom, rei de Moabe, e atacaram Israel , tomando Jericó (Jz. 3:13); porém foram derrotados por Gideão no vale de Jezreel (Jz. 6:33; 7:12 a 22). Ou seja, geração após geração (do mais velho ao mais novo, com o passar dos anos), era um povo belicoso e que se fazia inimigo ferrenho do povo de Israel.³

Portanto, o ato pelo qual Deus tirou a vida das crianças está longe de ser um ato caracterizado por falta de misericórdia .

Fontes:
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
¹DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia de John Davis: 3ª Ed. São Paulo: Hagnos, 2005. p. 29.
²KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida: 2ª Ed. São Paulo: SBB, 1999.
³BOYER, Orlando. Dicionário Bíblico Universal: São Paulo: CPAD, 1999.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Como pôde Deus ter prometido a Saul uma dinastia perpétua, se isso já havia sido profetizado para Davi?

"Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre;"
(1 Samuel 13:13)

Depois que Saul profanou o sacrifício, Samuel o repreendeu e disse-lhe que, se ele não tivesse pecado, Deus o teria estabelecido no trono de Israel para sempre. Entretanto, em Gênesis 49:10 vemos a promessa de que o trono seria dado à tribo de Judá para sempre.

Como poderia então Deus prometer a Saul uma dinastia eterna, se isso já havia sido prometido para Judá?

A afirmação feita por Samuel não foi uma promessa, mas apenas certificou Saul que ele perdera pelo seu ato de impiedade. Deus sabia desde o princípio que Saul se mostraria indigno de sentar-se no trono de Israel. Entretanto, como um ser moralmente livre, Saul teria de cometer os atos de impiedade, que Deus sabia de antemão que ele ia cometer. A afirmativa de que Deus teria estabelecido Saul sobre o trono era sincera e legítima, embora hipotética. Porque Deus sabia também que Saul se desqualificaria, Ele profetizou que por fim o trono ficaria com a tribo de Judá, e que a linhagem de Davi se estabeleceria em Israel para sempre.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
Imagem ilustrativa: Google Images

Afinal Saul foi escolhido rei por Deus, pelo povo ou pela sorte que fora lançada?

"Tendo, pois, Samuel feito chegar todas as tribos, tomou-se a tribo de Benjamim.
E, fazendo chegar a tribo de Benjamim pelas suas famílias, tomou-se a família de Matri; e dela se tomou Saul, filho de Quis; e o buscaram, porém não se achou."

(1 Samuel 10:20-21)

A Bíblia diz que Saul foi escolhido pelo povo (1 Sm 8:19), pelo Senhor (1 Sm 9:17; 10:24) e "por sorte" (1 Sm 10:20-21).

Quem, de fato, o escolheu? Como resolver esse aparente impasse?

As três afirmativas bíblicas são verdadeiras.
Como o povo tinha pedido a Deus um rei, ele atendeu-os e guiou-os na escolha de Saul por meio da sorte lançada. Provérbios 16:33 declara que "a sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão" (cf. At 1:26).

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
Imagem ilustrativa: Google Images

As Escrituras dão relatos contraditórios da unção de Saul?

"Então tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça (de Saul), e beijou-o, e disse: Porventura não te ungiu o SENHOR por capitão sobre a sua herança?"
(1 Samuel 10:1)

De acordo com 1 Samuel 10:1, Samuel ungiu Saul nas imediações de Ramá, no território de Zufe (cf. 9:5). Entretanto, 1 Samuel 10:17-24 deixa claro que Saul foi escolhido rei de Israel em Mispa.

Como poderíamos resolver essa aparente contradição nestes dois relatos?

Ao lermos atentamente todo o texto, poderemos perceber que não há contradição, vejamos:

A única passagem que descreve a unção de Saul é 1 Samuel 10:1. Em 1 Samuel 10:17-24 temos a indicação pública de Saul, perante toda a nação. Não há afirmação alguma de que tenha havido unção nesse dia. Também, em 1 Samuel 12, encontramos a cerimônia de confirmação da escolha de Saul como rei de Israel, e a palavra de despedida que Samuel deu à nação. Também nesta passagem não há referência alguma à unção. De acordo com o relato bíblico, Saul foi ungido apenas uma vez, e não há contradição alguma entre estas três passagens.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
Imagem ilustrativa: Google Images

quarta-feira, 19 de março de 2014

Como pôde Deus condenar o pedido feito por Israel para que fosse constituído um rei, quando em Deuteronômio 17 o Senhor havia dado as regras para a escolha de um rei?

"E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre eles.
Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até ao dia de hoje, a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também fazem a ti.
Agora, pois, ouve à sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes qual será o costume do rei que houver de reinar sobre eles."

(1 Samuel 8:7-9)

As Escrituras testificam o fato de que Deus planejara um rei para Israel. Deuteronômio 17:14-20 estabelece especificamente as regras para a escolha de um rei em Israel.

Entretanto, quando o povo de Israel pediu a Samuel que constituísse um rei, o Senhor disse a Samuel que o povo "não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele" (1 Sm 8:7). Como pôde então Deus condenar o pedido de um rei feito por Israel, quando ele mesmo já havia dado as instruções para a escolha de um rei?

O contexto de 1 Samuel 8 mostra-nos que tanto a motivação como o método na busca de um rei foram incorretos.

Em primeiro lugar, o motivo pelo qual eles queriam um rei não era certo. No primeiro versículo do capítulo 8 lemos que Samuel já tinha envelhecido, quando constituiu seus filhos por juízes em Israel. Entretanto, os filhos de Samuel não se comportaram de forma correta aos olhos de Deus. Quando o povo foi até Samuel, pedir que ele lhes constituísse um rei, não foi porque quisessem ter um homem de Deus reinando sobre a nação, mas porque queriam que um homem reinasse sobre eles. Eles consideraram erroneamente como atos de Samuel a administração que Deus vinha operando através dele.

No dia em que Saul foi escolhido, Samuel lembrou o povo de que foi Deus quem os livrara de todos os seus males, e disse-lhes: "Mas vós rejeitastes hoje a vosso Deus, que vos livrou de todos os vossos males e trabalhos..." (1 Sm 10:19). Eles ignoraram completamente o fato de que era Deus quem os protegia e sobre eles reinava, e não Samuel ou qualquer rei humano que este constituísse.

Consequentemente, não era a Samuel que eles estavam rejeitando, mas sim a Deus.

Em segundo lugar, eles erraram não buscando o Senhor no que diz respeito ao rei que governaria Israel. Não se preocuparam em pedir a direção de Deus. Eles simplesmente pediram a Samuel que lhes constituísse um rei. Quando os anciãos de Israel foram até Samuel, eles disseram:

"Constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o tem todas as nações (1 Sm 8:5). Entretanto, segundo Deuteronômio 17:15 Deus determinara especificamente que o povo estabeleceria um rei, "aquele que o Senhor... escolher".

O pedido feito pelo povo denuncia sua total desconsideração quanto à participação de Deus no processo da escolha. Na verdade eles rejeitaram a Deus como seu rei e ele não se agradou disso porque não buscaram um homem de Deus, nem empregaram o método de Deus.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

Samuel julgou Israel durante todos os seus dias ou até quando Saul foi ungido rei?

"E Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida."
(1 Samuel 7:15)

Neste versículo, somos informados de que "julgou Samuel todos os dias de sua vida a Israel". Entretanto, Samuel viveu por algum tempo depois de Saul ter sido ungido rei (1 Sm 8:5; 12:1; 25:1).

Samuel delegou apenas a sua autoridade civil a Saul, não sua autoridade espiritual. Na monarquia de Israel havia uma separação de poderes. Aos reis não era permitido exercer funções espirituais (cf. 2 Cr 26:16-23), e os profetas não mais tinham autoridade política. Mesmo assim, os profetas, com suas revelações recebidas diretamente de Deus, estavam em permanente vigilância moral sobre os que eram detentores do poder político.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Por que Deus infligiu sobre o povo de Bete-Semes um juízo tão severo por eles simplesmente terem olhado para dentro da arca?

"E o Senhor feriu os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor; feriu do povo cinqüenta mil e setenta homens; então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande estrago entre o povo."
(1 Samuel 6:19)

Quando os filisteus devolveram a arca do Senhor a Israel eles a colocaram num carro puxado por vacas, que foi pelo caminho sem ter um cocheiro. Quando o carro chegou às fronteiras de Bete-Semes, o povo da cidade tirou a arca do carro e a colocou sobre uma grande pedra. Entretanto, alguns deles olharam para dentro da arca, e "feriu o Senhor os homens de Bete-Semes". O texto diz ainda que o povo chorou, "porquanto o Senhor fizera tão grande morticínio entre eles" (v. 19). Mas por que o Senhor infligiu sobre o povo um juízo assim tão severo, simplesmente por eles terem olhado para dentro da arca?

O Senhor feriu o povo com esse juízo por terem eles cometido um terrível sacrilégio contra Deus. A arca da aliança era um símbolo da própria presença de Deus entre o seu povo. A regulamentação referente à arca e a como ela deveria ser manejada era de natureza restrita por causa da santidade de Deus e da pecaminosidade do homem (Êx 25:10-22; 26:32-34; 37:1-9). Um ato assim tão iníquo, de desrespeito à santidade de Deus, certamente merecia o repentino e terrível juízo de Deus.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

Elcana, pai de Samuel, era efraimita ou levita, como indicado em 1 Crônicas 6:16-30?

"Houve um homem de Ramataim-Zofim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efrateu."
(1 Samuel 1:1)

Na curta referência genealógica em I Samuel 1:1, é dito que Elcana provinha da região montanhosa de Efraim. Entretanto, I Crônicas 6:16-23, em que há um registro genealógico bem maior, indica que Elcana era levita.

Qual das duas passagens é a correta?

As duas. O fato de Eli ter levado Samuel para o serviço no templo como um aprendiz, e de ter Samuel posteriormente desempenhado as funções do sacerdócio dá suporte ao registro genealógico de que Samuel e seu pai Elcana eram da tribo de Levi. A afirmação feita em I Samuel 1:1 simplesmente destaca que Elcana vivia nas montanhas de Efraim. Todos os levitas eram designados a morar em certas cidades distribuídas pelas diversas tribos de Israel (Nm 35:6). É bem provável que Ramataim-Zofim, a cidade em que Elcana vivia, tenha sido uma dessas cidades designadas para os levitas. Elcana era levita por descendência, e efraimita por localização geográfica.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

sexta-feira, 14 de março de 2014

O procedimento de Boaz e Rute não estaria em desacordo com a lei do levirato?

"Então disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está vendendo. E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não a houveres de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei. Disse porém Boaz: No dia em que comprares a terra da mão de Noemi, também a comprarás da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança. Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não a poderei redimir. Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto a remissão e permuta, para confirmar todo o negócio; o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel. Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato."
(Rute 4:3-8)

Deuteronômio 25:5-10 delineia o que é conhecido como a lei do levirato. Se um homem morria e deixava sua esposa sem filhos, o irmão daquele homem era moralmente obrigado a casar-se com a mulher de seu irmão e gerar filhos no nome de seu irmão falecido. Essa prática assegurava que o nome de quem morria sem gerar filhos não ficaria sem descendência. Entretanto, Boaz não era irmão de quem tinha sido marido de Rute, e que falecera. Assim, o procedimento deles não estaria em desacordo com a lei do levirato?

Embora tenha sido um caso um pouco mais complicado, o procedimento de Boaz, Noemi e Rute certamente não estava em desacordo com o que a lei do levirato estabelecia. O primeiro propósito do casamento pelo levirato era perpetuar a linha familiar daquele que morreu.

Alguns fatores indicam que no tempo de Boaz e Rute já eram comuns alguns acréscimos ao que a lei do levirato originalmente estabelecera .

Primeiro, se não havia um irmão vivo na família, então a obrigação do casamento ficava com o parente do sexo masculino mais próximo do falecido. No caso em questão, havia um parente mais próximo do que Boaz da família de Noemi.

Entretanto, quando ele não aceitou o convite, Boaz tornou-se o homem com grau de parentesco mais próximo, enquadrando-se na condição de ser aquele que legalmente teria de cumprir aquela obrigação moral.

Segundo, junto com a responsabilidade de gerar filhos no nome do falecido, havia ainda a responsabilidade de resgatar qualquer propriedade que pertencia ao que morrera e que tivesse sido vendida ou confiscada (Lv 25:25). Como o parente mais próximo não estava em condições de assumir tal responsabilidade (Rt 4:6), ele declinou desse direito e dessa responsabilidade de resgatar Noemi e casar-se com Rute, passando tais obrigações a Boaz. Nada há no resgate de Noemi nem no casamento de Boaz com Rute que esteja em desacordo com a lei do levirato.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

Este versículo não dá a entender que Rute manteve uma relação sexual com Boaz, depois de ele embriagar-se, a fim de obrigá-lo a resgatá-la?

"Havendo, pois, Boaz comido e bebido, e estando já o seu coração alegre, veio deitar-se ao pé de um monte de grãos; então veio ela de mansinho, e lhe descobriu os pés, e se deitou."
(Rute 3:7)

Depois de Boaz ter comido e bebido, ele foi deitar-se, após o que, Rute veio mansamente e descobriu os pés de Boaz, e deitou-se com ele. Isso quer dizer que Rute teve uma relação com Boaz para obrigá-lo a resgatá-la?

Não! Nada há no texto de Rute que indique alguma impropriedade moral tanto por parte de Boaz como de Rute.

Primeiro, Rute não foi à noite para esconder um ato imoral com Boaz. Não, ela foi à noite para que Boaz não sofresse a pressão de passar por um escrutínio por parte do povo. Boaz teria a oportunidade de declinar da proposta de resgatar Noemi e casar-se com Rute sem ter de enfrentar qualquer tipo de constrangimento diante das pessoas.

Segundo, a menção de que ela "lhe descobriu os pés" não é um eufemismo com o fim de suavizar a informação de que Rute mantivera uma relação com Boaz. Não, esta é a descrição literal de uma prática comum naquela época para demonstrar submissão e sujeição. Rute simplesmente descobriu os pés dele como um símbolo de sua submissão a Boaz e de seu desejo de tornar-se sua esposa.

Terceiro, a passagem relata que depois de ter descoberto os pés de Boaz, Rute "se deitou". Entretanto, esta não é uma maneira de se dizer que houve um ato sexual. A expressão que usualmente é empregada neste sentido é: "ele se deitou com ela". Sem esta expressão "com Alguém", a frase denota simplesmente o ato de se reclinar.

Quarto, o fato de Boaz ter estendido a sua capa sobre Rute foi também um ato simbólico. Isto refere-se à prática de um homem estender sobre sua esposa a sua coberta. Rute lembra Boaz da responsabilidade que ele tinha de acordo com a lei do levirato (Dt 25:5-10). Em Rute 3:10 há um paralelo com o que aconteceu no primeiro encontro de Rute com Boaz (2:12). Neste versículo é dito que Rute tinha ido buscar refúgio "sob as asas" do Deus de Israel; agora ela está buscando refúgio sob a asa de Boaz.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Se o suicídio é um pecado, por que Deus abençoou Sansão por tê-lo cometido?

"Então disse Sansão ao moço que o tinha pela mão: Guia-me para que apalpe as colunas em que se sustém a casa, para que me encoste a elas. Ora estava a casa cheia de homens e mulheres; e também ali estavam todos os príncipes dos filisteus; e sobre o telhado havia uns três mil homens e mulheres, que estavam vendo Sansão brincar."
(Juízes 16:26-27)

O suicídio é uma forma de assassinato e Deus disse: "Não matarás" (Êx 20:13). Há muitos casos de suicídio na Bíblia e nenhum deles recebeu aprovação do Deus.

Contudo, Sansão cometeu suicídio com o aparente consentimento do Senhor. Porquê?

Sansão não tirou a sua vida; ele sacrificou-se por seu povo, Há uma grande diferença.

Jonas orou: "Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver" (Jn
4:3). Mas Jonas nunca tirou a sua vida. O suicídio é um ato "para si mesmo". O que Sansão fez foi
entregar a sua vida pelos outros - pelo seu povo. O ato de Sansão não foi um ato de suicídio, foi um ato de entrega para libertar o seu povo. Jesus, também entregou a sua vida para libertar um povo, quando disse: "dou a minha vida pelas ovelhas." (João 10:15b), porque "o bom pastor dá a vida pelas ovelhas" (Jo 10:11). Com efeito, "ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos" (Jo 15:13).

É claro que nem toda aparente morte "pelos outros" é realmente um ato de amor. Paulo deixou isso evidente no seu grande capítulo acerca do amor: "e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará" (I Co 13:3). Até mesmo um mártir pode morrer sem que haja amor, mas numa obstinada entrega a uma causa centralizada na sua própria pessoa.

Saul optou pela morte, dizendo: "para que porventura não venham estes incircuncisos, e me traspassem e escarneçam de mim" (I Sm 31:4). Abimeleque procurou a morte, e disse a seu escudeiro: "mata-me, para que não se diga de mim: Mulher o matou" (Jz 9:54).

Em contraste, Sansão pediu permissão a Deus para morrer, e orou: "Morra eu com os filisteus" (Jz 16:30). 

Deus acedeu ao seu pedido, "e foram mais os que matou na sua morte do que os que matara na sua vida" (v. 30). Paulo também desejou "ser anátema, separado de Cristo, por amor de" seus irmãos (Rm 9:3). O soldado que se atira sobre uma granada para salvar a vida de seus companheiros não está tirando a sua vida, não está se suicidando; ele está dando a sua vida pelos outros. Assim, Sansão não se suicidou, mas se entregou para destruir o jugo dos filisteus de sobre o povo de Israel. De igual modo, Cristo não cometeu suicídio, tendo ele vindo para "dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10:45).

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

Como Deus pôde usar a lascívia de Sansão por uma filha dos filisteus a fim de libertar Israel da opressão?

"Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor; pois buscava ocasião contra os filisteus; porquanto naquele tempo os filisteus dominavam sobre Israel."
(Juízes 14:4)

Quando Sansão foi a Timna, viu uma mulher dos filisteus com quem quis casar-se. Embora os pais dele o tivessem advertido a não prosseguir com tal relacionamento, por ser uma mulher ímpia e pagã, Sansão recusou-se a acatar o conselho. Entretanto, Juízes 14:4 nos mostra que o desejo de Sansão por aquela mulher provinha de Deus, de forma a poder usá-lo para derrotar os filisteus.

Como entender que Deus usaria os desejos sensuais de Sansão para realizar a libertação de Israel da opressão dos filisteus?

Temos de entender que, embora Sansão tivesse sido dedicado por seus pais desde o nascimento para servir ao Senhor como nazireu, ele não tinha um compromisso integral com o Senhor. Sansão tornou-se uma pessoa obstinada e egoísta. Ele não era do tipo que se disporia a ir numa batalha contra os filisteus por razões de ordem espiritual. Conseqüentemente, para fazer com que ele se dispusesse a enfrentar os filisteus e propiciar assim a libertação de Israel, Deus fez uso dos interesses pessoais de Sansão para despertar a sua ira contra os filisteus. Deus usa homens quem El quer para realizar seus bons propósitos.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

segunda-feira, 10 de março de 2014

A Bíblia aprova homicídios?

"E Eúde entrou numa sala de verão, que o rei tinha só para si, onde estava sentado, e disse: Tenho, para dizer-te, uma palavra de Deus. E levantou-se da cadeira. Então Eúde estendeu a sua mão esquerda, e tirou a espada de sobre sua coxa direita, e lha cravou no ventre..."
(Juízes 3:20-21)

A Bíblia diz que "o Senhor lhes suscitou libertador" (Jz 3:15) para que Israel se livrasse de seu opressor, o rei Eglom, de Moabe. Então (v.21), relata como esse homem, Eúde, "estendendo a mão esquerda, puxou o seu punhal do lado direito e lho cravou no ventre" [de Eglom]. Como o Deus que proíbe o homicídio (Êx 20:13) perdoa um homicídio tão brutal como esse?

Este incidente, e outros semelhantes (cf. Jz 4:21), são todos um bom exemplo do princípio que diz "que nem tudo o que a Bíblia relata é aprovado por ela" (veja a Introdução).

Em primeiro lugar, o texto não diz que Deus aprovou esse ato tão vil. Ele simplesmente conta o que
aconteceu.

Segundo, o fato de que Deus "suscitou" Eúde não justifica tudo o que ele fez. Deus levantou também Faraó (cf. Rm 9:17), mas o Senhor assim mesmo o julgou por seus pecados (cf. Êx 12).

Terceiro, há muitos pecados contidos na Bíblia que não são aprovados por ela. Entre esses citam-se a mentira de Abraão (Gn 20), o pecado de Davi com Bate-Seba ( II Sm 11 ) e a poligamia de Salomão (I Rs 11).

Quarto, conquanto os homicídios propriamente ditos sejam pecados Deus reserva a si o direito a vida (Dt.32:39; Jó 1:21). Ele toma a vida de quem quer, porque foi Ele quem a deu, e o faz por meio de qualquer instrumento a sua escolha, seja natural ou não.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Por que Jesus temeu a morte, e mesmo assim disse a seus discípulos que não a temessem?

"E depois disto Jesus andava pela Galileia, e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo."
(João 7:1)

João nos informa de que "Jesus andava pela Galileia, porque não desejava percorrer a Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo". Contudo, Jesus disse a seus discípulos: "Amigos meus: não temais os que matam o corpo" (Lc 12:4).

Jesus não estava com medo da morte; ele simplesmente evitava morrer antes da hora. Antes do tempo certo, Jesus dizia "ainda não é chegada a minha hora" (Jo 2:4; 8:20). Mas quando a sua hora chegou (Jo 12:23), ele enfrentou a morte brava e corajosamente. Do ponto de vista humano, Jesus abateu-se com o horror da cruz (veja os comentários de Hebreus 5:7b); ele orou: "que direi eu? Pai, salva-me desta hora?", a que ele mesmo respondeu com um enfático não: "Mas precisamente com este propósito vim para esta hora" (Jo 12:27).

Jesus sabia desde o princípio que ele viera para morrer (cf. Jo 2:19-20; 10:10-11), e nunca hesitou em seu resoluto propósito de "dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10:45). Entretanto, para realizar isto, tal como Deus ordenara e os profetas haviam predito, Jesus tinha de se precaver de atentados contra a sua vida antes do tempo e da forma determinados. Por exemplo, ele teria de ser crucificado (cf. SI 22:16; Zc 12:10), e não apedrejado, como os judeus procuraram fazer numa certa ocasião (veja Jo 10:32-33).

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

O que Jesus queria dizer quando afirmou que nós deveríamos comer a sua carne?

"Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia."
(João 6:53-54)

Os cristãos evangélicos creem que a Bíblia deve ser tomada literalmente. Mas Jesus disse: "se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos" (Jo 6:53).

Isso também deve ser tomado literalmente?

O significado literal (i.e., real) de um texto é o significado correto, mas o sentido literal não implica que tudo deva ser tomado literalmente. Por exemplo, o sentido literal da afirmativa de Jesus "Eu sou a videira verdadeira" (Jo 15:1) é que Ele é a real fonte da nossa vida espiritual. Mas não quer dizer que Jesus seja literalmente uma videira com folhas crescendo de seus braços e de suas orelhas! Um significado literal pode ser transmitido por meio de figuras de linguagem. Cristo é o real fundamento da Igreja (I Co 3:11; Ef 2:20), mas Ele não é literalmente uma pedra angular de granito, com inscrições gravadas.

Há muitas indicações em João 6 de que Jesus literalmente queria dizer que a sua ordem para comer a sua carne deveria ser considerada de uma maneira figurada.

Primeiro, Jesus afirmou que a sua declaração não deveria ser tomada com um sentido materialista, quando ele disse: "as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (Jo 6:63).

Segundo, seria um absurdo e um canibalismo considerá-la com um sentido físico.

Terceiro, Ele não estava falando da vida física, mas da "vida eterna" (Jo 6:54).

Quarto, Ele chamou a si mesmo de "o pão da vida" (Jo 6:48) e contrastou esse pão com o pão físico (o maná) que no passado os judeus comeram no deserto (Jo 6:58).

Quinto, Ele usou a figura do "comer" a sua carne paralelamente à ideia de "permanecer" nele (cf. Jo 15:4-5), que representa outra figura de linguagem. Nenhuma dessas figuras é para ser entendida literalmente.

Sexto, se comer a sua carne e beber o seu sangue fosse tomado literalmente, isso iria contradizer outros mandamentos das Escrituras, que ensinam a não comer carne humana nem sangue (cf. At 15:20).

Finalmente, em vista do sentido figurado, esse versículo não pode ser usado em apoio ao conceito católico romano da transubstanciação, ou seja, de comer o real corpo de Jesus na comunhão.

Fonte: GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Igreja sorteia armas durante culto e gera polêmica

Pastor afirma que trata-se de “evangelismo por afinidade”

A Primeira Igreja Batista de Lone Oak , no Estado do Kentucky, criou uma grande polêmica ao anunciar um evento que serviria para atrair pessoas para os seus cultos. Além de um jantar gratuito, haverá sorteio de 25 armas.

Anunciado como uma “celebração da fé e das armas de fogo”, a igreja realizará o jantar dia 6 de março. O pastor Chuck McAlister, um ávido caçador será o pregador da noite. McAlister atualmente é o líder de evangelismo da Convenção Batista do Kentucky.

Para ele as igrejas precisam atrair os “sem igreja” que são apaixonados por caça e tem o direito de usá-las, segundo a lei do Estado. O jornal local, The Courier, afirma que essa não é a primeira vez que ocorre esse tipo de evento na cidade, que descreve como uma mistura entre comício e reunião de oração.

“Já descobrimos que o número de homens ‘sem igreja’ que estarão interessados em vir é proporcional ao número de armas que vamos sortear”, justifica McAlister. Afirma ainda que ocorreram 1678 “profissões de fé”, no final dos cerca de 50 eventos similares que participou no ano passado.

Nos Estados Unidos há uma disputa política entre o governo Obama, que deseja uma diminuição do número de armas circulando no país, e os governos de Estados onde historicamente as pessoas sempre tiveram liberdade para andar armados.

Obviamente, muitas igrejas são contra as armas e condenam a prática de misturar esse assunto com os momentos dedicados a se espalhar a palavra de Jesus. O pastor Joe Phelps, da Igreja Batista Independente de Highland, na cidade vizinha de Louisville, disparou: “É uma ironia usar armas para atrair homens para ouvir uma mensagem sobre Jesus, que disse para abandonarmos a espada”.

Já a pastora Nancy Jo Kemper, da Igreja Nova União denunciou esse tipo de eventos como “farsa”, acrescentando: “Seria terrível se uma dessas armas distribuídas em uma igreja causar a morte de uma vítima inocente.” Ela disse que essa prática é quase um suborno, sendo “uma paródia do que o evangelismo deveria ser.”

McAlister diz estar acostumado às críticas, defendendo sua estratégia como simplesmente, “evangelismo por afinidade”, que atrai os homens de Kentucky, acostumados a carregar armas. Para ele, embora o sermão inclua referências à caça esportiva, o objetivo é um só: “mostrar que há apenas um caminho para conhecer a Deus: através de seu filho, Jesus Cristo”.

Assista o vídeo de divulgação do evento:



Com informações de Huffington Post

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