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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Os "filhos de Deus" eram anjos que se casaram com mulheres?

"Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram."
(Gênesis 6:2)

Bem, antes de adentrarmos nesse assunto tão polêmico, gostaria de esclarecer para nossos leitores que não iremos esgotar o assunto ou dar uma palavra final para o mesmo e sim, tentar lançar um pouco mais de luz sobre o tema. A princípio, o que estamos nos propondo é, antes de mais nada, apresentar alguns pontos de vista pincelados por estudiosos do tópico em questão e deixar você, leitor, escolher o que acredita ser o mais coerente tirando suas próprias conclusões.

Quem seriam esses "misteriosos filhos de Deus"? Seriam os anjos que não guardaram o seu estado original?  A descendência de Sete? Os poderosos da antiguidade?

A expressão "filhos de Deus" no AT é empregada exclusivamente referindo-se a anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7). Entretanto, o NT nos informa que os anjos "nem casam, nem se dão em casamento" (Mt 22:30). Além disso, se os anjos se casassem com seres humanos, os filhos deles seriam meio humanos, meio anjos. E, ainda, os anjos não podem ser redimidos (Hb 2:14-16; 2 Pe 2:4; Jd 6).

Várias são as interpretações possíveis, no lugar de insistir em que anjos tenham coabitado com seres humanos.

Alguns eruditos bíblicos creem que a expressão "filhos de Deus" seja uma referência à linhagem piedosa de Sete (através da qual viria o redentor - Gn 4:26), que se entremeou com a linha ímpia de Caim. Eles alegam que: (a) isso se coaduna com o contexto imediato; (b) evita todo o problema decorrente da interpretação de que eram anjos; (c) está de acordo com o fato de que os seres humanos também são mencionados no AT como "filhos" de Deus (Is 43:6).

Outros estudiosos acreditam que "filhos de Deus" seja uma referência a grandes homens, a "varões de renome na antiguidade". Apontam para o fato de que o texto refere-se a "gigantes" "valentes" (v. 4). Ainda, isso evita o problema de os anjos (espíritos) coabitarem com seres humanos.

Outros ainda combinam estas interpretações e especulam que os "filhos de Deus" eram anjos que "não guardaram o seu estado original" (Jd 6), - na verdade, uma outra classe de anjos e que agora estão presos (Jd 6) - e que na realidade possuíram seres humanos, levando-os a um cruzamento com "as filhas dos homens", produzindo assim uma raça superior, cuja semente foram os "gigantes" e os "varões de renome". Esta posição parece explicar todos os pontos, exceto o problema insuperável de os anjos, não tendo corpos (Hb 1:14) e sendo assexuados, coabitarem com seres humanos.

E, para reforçar o time dos que acreditam que são anjos os seres descritos em Gênesis 6:2, encontramos David Stern, judeu e cristão, em seu Comentário Judaico do Novo Testamento, p. 828, em uma exposição sobre os "anjos que pecaram" de II Pedro 2:4 faz uma afirmação surpreendente. Segundo ele, os anjos ali descritos são os B'nei-há'elohim, ou seja, os 'filhos de Deus' ou 'filhos dos anjos' os quais estão também descritos em Gên. 6:2 e são chamados de Nephilins (do verbo 'Nafal', que quer dizer caídos, reforçando a ideia). Seriam anjos caídos (Gên. 6:4), que caíram do céu, esses, teriam deixado "sua autoridade originária" (Jd 6) para "possuir as filhas dos homens" (Gên. 6:2-4). Tais anjos agora, seriam espíritos aprisionados (I Pedro 3:19), esses tais anjos estão em calabouços sombrios mais baixos que o Sheol para serem reservados para o dia do Juízo, "em trevas, presos em correntes eternas para o Juízo do Grande Dia" (Jd 6).

A literatura judaica é repleta de escritos sobre anjos, dentre os quais podemos fazer menção de um livro apócrifo chamado de I Enoque, escrito cerca de 100 a.C. que faz a seguinte declaração:
(...) os sentinelas chamaram-me e disseram, "Enoque, escriba da justiça, vá e declare aos sentinelas do céu que deixaram o alto céu, o lugar eternamente santo, e corromperam-se com mulheres, e tem feito como os filhos dos homens fazem, e tomaram para si mesmos esposas: "Vocês tem causado grande corrupção na terra. Voecês não terão paz nem perdão do pecado (...)". Enoque foi e disse (ao líder dos sentinelas rebeldes): 'Aza'zel, você não terá paz. Um juízo severo tem vindo contra você: eles o colocarão na prisão.'
O Senhor disse a Rafael, 'Prenda as mãos e pés de Aza'zel, e lance-o nas trevas: faça um poço no deserto em Duda'el, atire-o nele, lance pedras sobre ele, cubra-o de trevas, deixe-o habitar ali para sempre, cubra seu rosto para que ele não seja capaz de ver a luz. No dia do Grande Juízo, ele será lançado no fogo. (I Enoque 12:4-13; 10:4-6).¹
Ainda dentro do mesmo pensamento, outro estudioso e expositor das Escrituras, ex-professor de Antigo Testamento e da Linguagem e Literatura do Novo Testamento Francis Davidson, faz a seguinte exposição em seu maravilhoso trabalho intitulado "O Novo Comentário da Bíblia":
Não há dificuldade em compreender esse título como designação dada à ordem mais alta de seres espirituais sobrenaturais que cercam o trono de Deus. Noutras passagens, a expressão "filhos de Deus" (’elohim) se refere a seres angélicos, bons ou maus (#Jó 1.6; #Dn 3.25); e alguns pensam que temos aqui o registro sobre uma misteriosa união entre anjos maus e as filhas dos homens. Outros consideram que isso se refere à união entre os descendentes de Sete (filhos de Deus) e os descendentes de Caim.²
Outra tese que defende a ideia de "anjos" tomando para si mesmos mulheres está no livro "O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo" (p.58) de Champlin que, depois de apresentar vários argumentos pró e contra o assunto, diz: "Apesar de não haver como provar o que o autor sacro tinha em mente, opino que estão em foco anjos...Os trechos de Judas 6 e II Pedro 2:4 são usados em favor da ideia angelical."

Ainda citando Champlin, vemos em seu comentário que a união entre 'os filhos de Deus' e as 'filhas dos homens' produziu seres valentes (v.4), distinguindo-os dos outros homens comuns, dando a entender que esses tais tinham algo de especial (gigantes?!?). Inclusive, há vários outros registros históricos de povos antigos fora da bíblia de seres espantosamente altos e de força escomunal. Para alguns estudiosos seriam os grandes heróis do passado.

Uma coisa é certa, que tal passagem tem sido interpretada de várias maneiras e, sua interpretação tem gerado muitos e acalorados debates, talvez por causa de sua antiguidade, fato que tem contribuído para obscurecer o nosso entendimento e, talvez não, mas o que nos dá ânimo é saber que a narrativa é verdadeira e digna de toda a nossa confiança justamente porque foi inspirada por Deus e está em sua Eterna Palavra.

Contribua: PIX luizrafael.pr@hotmail.com

Minhas fontes de pesquisa:
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento: Ed. Belo Horizonte: Editora Atos, 2008.¹
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. 3ª Ed. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1990.²
CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. 2ª Ed. São Paulo: Editora Hagnos, 2001.

2 comentários:

  1. Hoje em dia sabemos dos aspectos relativos à combinação do DNA e dos cromossomos masculinos e femininos para produzir uma nova vida. Como isso ocorreria em relação aos anjos? Como seria o "espermatozóide" de anjos? Isso implica em que eles teriam um código genético, que muito provavelmente seria diferente do humano (já que produziria descendentes modificados, "mutantes") e esse DNA diferente já seria suficiente para inviabilizar a fecundação nas "filhas dos homens". Veja bem, com esse tópico criamos mais problemas do que explicações. Aceitar essa miscigenação equivale a aceitar as teorias exóticas da chamada "evolução" darwiniana e do "astronauta antigo" de Daniken e Tsoukalos. Veja só a brecha que se abre. Também não sei até que ponto se deve dar crédito aos apócrifos, uma vez que eles não são considerados inspirados; se crermos neles, qual a razão para não aceitarmos também Tobias, que ensina feitiçaria? Ou Judite, que ensina a mulher e seduzir e mentir?
    Abraços
    Georges (http://doa-a-quem-doer.blogspot.com.br)

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    Respostas
    1. Olá, Georges, paz...

      Gostaria de lembrá-lo que, logo no início de nossa postagem deixamos claro para nossos leitores "que não iremos esgotar o assunto ou dar uma palavra final para o mesmo", pois tínhamos consciência da polêmica que seria levantada em torno do assunto, por isso ainda acrescentamos que ao "leitor seria deixado o direito de escolher o que acredita ser mais coerente". O que apresentamos foram algumas teorias existentes sobre o assunto, porém, em momento algum você ou qualquer outro leitor pôde ler que era ou é essa a nossa posição ou que acreditamos ser ela a mais coerente, assim, da mesma forma, quando você deixou o seu comentário deixou um aparente parecer de que era esse o nosso intuito, o qual não era. Assim, como sempre, tenho o cuidado de deixar isso claro em nossas postagens, ao comentar sobre determinado assunto, você deveria também ter o mesmo cuidado.

      Abraços...
      Verifique que em momento algum nos propusemos se tratar de uma doutrina, apenas apresentamos os pontos de vista de estudiosos no assunto.

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